terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Canibais


Ví, de súbito, um, dois, três, milhares deles! Monstros... Ví suas facetas bizarras e  desfiguradas pela ignorância. Diziam-se humanos! Ví olhos, mãos, dedos, cabeça como em mim, mas havia uma completa ausência de pensamento. Eram como animais, agiam por extinto. Os ví a dilacerar minha carne, e de muitos outros tantos, os ví a comer partes do meu cérebro espremido dentro da minha caixa craniana e saborear as partes do meu corpo partido com o prazer e a violência que eu não entendi.  Brincaram com minha cabeça... Consumiram-me num altar de chamas vermelhas que a tudo consome, chamas de perversão, maldade, intolerância, morte! Aniquilaram-me! E então me adoraram como um a um deus.

Mas as idéias são como uma poderosa erva, elas não se consomem com o corpo. Infecta as entranhas da terra e a tudo destrói. Isso mesmo, destrói.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Who is there?


Perdi a noção do tempo, do espaço, e a delicada membrana da consciência rompeu-se. Aromas e sabores misturaram-se em minhas papilas e as palavras a tudo isso. Meus juízes, estes meus algozes, que vestiam-se com a roupas de moral e religião foram um a um sendo aniquilados. A própria natureza me ensinou as suas leis, mas o discernimento já não se discerne mais. Estilhaços do antigo eu ainda permanecem escondidos em idéias novas e incompletas, mas em pequenas porções de  R$ 3,50 serão lapidados pelas ondas turbulentas do pensamento. 

O eu modifica-se  todo o tempo, é impossível ser imutável!

E o eu é uma complexa interação de coisas que somente o eu conhece. O eu que mostra-se verdadeiro da maneira que lhe bem entende, mas que nunca vai saber e nem vão o saber quem o é. E vamos lá todos em caminho, com essa multidão de cegos, muitas vezes insensatos, guiando muitos outros cegos e na superfície tateando a verdade.